Desde 1995 acompanho a saga da ponte Hercílio Luz, o Governo sempre "ativo", de tempos em tempos um projeto, novas verbas e uma coletiva de imprensa. A imprensa "feliz da vida" leva as boas novas ao povo catarinense, com as novas obras os pedestres voltaram a circular, os carros, até o metrô, o tempo passa, as "autoridades" mudam e nada muda o destino da ponte. Um ciclo vicioso das obras públicas onde o anúncio da obra é mais importante do que a própria obra. É assim: a manchete do jornal é que vale o anuncio do fim de um problema que não tem fim... Ops! Mas estão anunciando que terá fim???? E nesse caso como é que fica: a Ponte passa por cima de uma das avenidas mais movimentadas de Florianópolis? Neste caso não é apenas o fim de um símbolo histórico, mas os riscos para quem trafega por ali todos os dias.
Sugiro aos amigos da imprensa uma retrospectivas a estes anúncios, uma prova incontestável de que anúncios são anúncios e independem de sigla partidária.
Ponte considerada símbolo de Florianópolis corre risco de cair
FÁBIO FREITAS
DE SÃO PAULO
A ponte Hercílio Luz, um dos maiores símbolos de Florianópolis (SC), corre risco de desabar. Segundo o presidente do Deinfra (Departamento Estadual de Infraestrutura), Paulo Meller, três das quatro rótulas embaixo das torres de sustentação estão desgastadas e comprometem a integridade da ponte.
As três estruturas, feitas para oscilar e amortecer o peso da ponte, estão rígidas há "um longo tempo", disse Meller. Em 1982, a ponte foi interditada por problemas estruturais. Para diminuir o peso, foi retirada a capa de asfalto.
O coordenador do Consórcio Florianópolis Monumento, Cássio Magalhães, responsável pela reforma da estrutura, afirmou que uma fratura em uma das 360 barras de suspensão da ponte também a colocam a risco.
"Estamos caminhando a menos de 1% ao mês com o investimento, é muito problemático isso", disse Magalhães.
A reforma da ponte, iniciada em dezembro de 2008 e prevista para ser concluída até o início de 2014, deve consumir mais R$ 170 milhões, segundo o governo estadual. O governador Raimundo Colombo (DEM) disse neste ano considerar os custos muito altos.
Uma estrutura provisória de aço será feita para aliviar o peso no vão central da ponte e tornar possível seu desmonte. A estrutura deve consumir cerca de R$ 60 milhões, disse Meller.
Para viabilizar as obras, o governo quer obter recursos junto às iniciativas pública e privada, de acordo com o secretário estadual de Infraestrutura, Valdir Cobalchini.
"Dificilmente o Estado teria sozinho esses recursos. Conseguiria pagar sozinho, mas não com a velocidade que se quer", afirmou Meller. Segundo ele, em 2011, o governo deve investir na obra de R$ 20 milhões a R$ 22 milhões.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/898228-ponte-considerada-simbolo-de-florianopolis-corre-risco-de-cair.shtml
2 comentários:
A incompetência dos políticos faz com que a falta de manutenção tenha levado a um aumento do risco de um desabamento da ponte, e a covardia deles perante a opinião pública faz com que tal eventualidade possa vir a ter um resultado ainda mais trágico. Eu morei em Florianópolis entre 1996 e 2008, quando depois de ter uns problemas familiares achei que o mais adequado seria voltar para o Rio Grande do Sul, a contragosto de vários manezinhos-da-ilha que às vezes ainda dizem que eu devo voltar (há até quem queira que eu entre para a política local), e lembro de todos os rumores sobre a possibilidade da ponte desabar. Lembro até de uma propaganda que foi veiculada na TV em 1996 e 1997 que mostrava cenas de uma simulação do desabamento da ponte. Os empreiteiros que aceitaram o desafio de fazer a restauração em meio a essa administração pública ineficiente sofrem para manter algum nível de qualidade e segurança do trabalho, e os políticos com interesse em se promover com a obra insistem em promessas sem fundamento técnico. Ainda que seja possível permitir que um caminhão ou ônibus urbano com PBT até 16 toneladas circule na ponte, como acontecia antes das interdições, seria uma irresponsabilidade permitir isso, considerando que na época da construção da ponte a grande maioria dos caminhões era mais leve do que uma Ford F-250, por exemplo, e o carro "popular" da época (Ford Modelo T) pesava menos do que um Fiat Uno ou um Ford Ka, logo eu sou favorável a uma restrição à circulação de veículos com PBT superior a 3500kg. Seria mais adequado respeitar as limitações técnicas da ponte, ainda que isso possa parecer menos interessante para fins eleitoreiros. Depois de gastarem rios de dinheiro com a ponte deveriam ter o mínimo de bom senso e, além de manter um plano de manutenção preventiva, evitar sobrecargas irresponsáveis apenas para algum político sair bem na foto. Na hora de aparecer com a obra pronta todos querem sair na foto, mas quando acontece uma tragédia nenhum político oportunista quer assumir as responsabilidades...
A propósito: já que a ponte é considerada um patrimônio cultural, faria algum sentido captar recursos para a preservação através da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura.
Os políticos contam com a falta de memória da população para usar as obras públicas para angariar recursos. Se a obra fica pronta não é mais possível usá-la com esse fim. A solução do problema é uma questão de inteligência, bom senso e viabilidade financeira coisa.Quem dera tivesse mais pessoas como vc por aqui...
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