Em outubro coloquei uma nota no blog sobre o aumento de 463% na tarifa de débito automático cobrada pelo BESC, e é com grata satisfação que comunico que os argumentos colocados na nota auxiliaram na reversão do quadro, especialmente o que demonstrava que o BESC abocanharia 18% do faturamento de uma Associação de Funcionários Públicos com sede em Florianópolis.
Um absurdo revertido...
3 comentários:
ItaúxUnibanco, a concentração não aumentará as tarifas?
Como todo projeto de incorporação/ de empresas acredito que têm muitas coisas a serem resolvidas e administradas antes de se transformar em aumento de tarifas. Mas um exemplo recente em SC que postei no blog, a incorporação do BESC pelo Banco do Brasil fez aumentar algumas tarifas para os correntistas do BESC, uma espécie de "equiparação", mas sem nenhum reflexo neste sentido para os correntistas do Banco do Brasil.
CARREIRA
Itaú e Unibanco: O efeito “dois em um”
Por José Augusto Minarelli
Ainda mal digeríamos o início da crise econômica mundial quando, de repente, não mais que de repente, fomos surpreendidos pela notícia da fusão entre dois dos maiores bancos do país, o Itaú e o Unibanco. As negociações transcorreram no mais absoluto segredo, envoltas ao sigilo que uma iniciativa dessa envergadura exige. Consta que mesmo os diretores foram pegos no contrapé, tomando conhecimento dos fatos no domingo, véspera do anúncio público da nova realidade.
Esta história terá outros capítulos e personagens. Antes de tudo, a operação precisará ser aprovada por acionistas, pelo Banco Central e por órgãos reguladores, a exemplo da CVM e do Cade. O assunto ainda mobilizará por um bom tempo os analistas econômicos, atentos ao desenrolar dos fatos e a seus impactos no mercado financeiro brasileiro. De outro lado, haverá o Sindicato dos Bancários como uma voz a questionar questões trabalhistas e eventuais cortes.
Ainda que, ao anunciar a fusão, Roberto Egydio Setubal e Pedro Moreira Salles tenham buscado afastar o fantasma da demissão, enfatizando que a idéia é crescimento e ganho de musculatura para competir no cenário globalizado, é de se supor que mudanças ocorram. Nas fusões, a lógica matemática sofre reveses: dependendo do ângulo, a somatória pode se reverter em “menos” e não “mais”. Em outras palavras, quero dizer que, passado o período de integração, as redundâncias no quadro de pessoal se evidenciam e, no esteio, surge a necessidade de ajustes.
O efeito “dois em um” tem tirado o sono de muitos executivos, até porque os processos de fusão e aquisição são cada vez mais freqüentes no mundo global. Para ganhar competitividade, gigantes como Itaú e Unibanco deixam de ser concorrentes para se tornarem sócios. Quem poderia supor que algo semelhante pudesse ocorrer assim, do dia para noite? É certo que as negociações consumiram 15 meses e foram impulsionadas com a compra do Real pelo Santander. É um jogo de gente grande e, em nome da sustentabilidade dos negócios, algumas empresas têm entendido que, antes de se digladiar, a melhor opção é juntar forças e potencializar sinergias.
Juntas, as duas empresas somam mais de cem mil funcionários. A recomendação para quem pertence ao quadro de um ou de outro banco é manter a calma. Não é preciso se desesperar e sair procurando outro emprego, tampouco lutar desesperadamente para permanecer a qualquer custo. Leva um tempo até a poeira assentar. Além disso, é preciso conhecer o novo modelo organizacional a ser adotado. Teremos uma estrutura unificada ou duas organizações paralelas?
Em um processo como esse, é natural que todos os profissionais passem por avaliações formais e informais, pois isso dá base para que os gestores tomem suas decisões quanto à composição do time. Na travessia, ninguém duvida que o potencial de realização e o histórico de resultados dos profissionais sejam fatores importantes, mas a forma de lidar com a nova realidade também contará pontos. Contribuir para que a integração ocorra com fluidez é a melhor alternativa. Não se recomenda fazer o jogo do contra nem colocar em xeque ou dificultar as mudanças.
Como conselheiro de carreira, recomendo prudência e cautela, mas sempre tendo um olho no peixe e outro no gato. Isso vale para os profissionais diretamente envolvidos e para todos os demais. Estamos no mundo da inconstância, da transformação permanente, no qual a Lei de Darwin é implacável. Quem não se adapta morre. A adaptação aqui diz respeito ao cuidado necessário com os fatores críticos para a empregabilidade, ou seja, autodesenvolvimento, atualização, networking, idoneidade e saúde física, mental, financeira, emocional e espiritual.
Aos colaboradores que eventualmente vierem a ser dispensados por conta da fusão, lembro que, em situações semelhantes, as grandes organizações cuidam de oferecer um pacote de benefícios atrativo. Não deve ser diferente desta vez. Em geral, o pacote inclui, entre outros itens, gratificação em dinheiro, extensão de seguro-saúde e programa de outplacement para proporcionar ao antigo colaborador um apoio à continuação de carreira, seja em novo emprego ou em uma atividade auto-empresariada.
Da fusão entre Itaú e Unibanco, duas instituições fortes e que isoladamente tinham histórias de sucesso, fica uma lição: ninguém está livre de risco. Como os analistas indicam, o que aconteceu com esses dois bancos pode vir a se repetir no curto prazo com outros dois, o Bradesco e o Banco do Brasil. Não estaria exagerando ao afirmar que, positivamente, o sossego acabou. Nos tempos de hoje, tudo pode acontecer e com todos, pessoas físicas ou jurídicas. É melhor estar preparado do que esperar parado.
José Augusto Minarelli é presidente da Lens & Minarelli Associados, consultoria de outplacement e aconselhamento de carreira de executivos.
Fonte: Gazeta Mercantil
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