A crise no mercado imobiliário americano começou em fevereiro de 2007, há 20 meses, e de lá prá cá a economia mundial vive de sobre-saltos, o mercado financeiro parece uma montanha russa e a única certeza desde junho é que tudo o que sobe tende a cair, ao contrário do cenário visto nos últimos, onde investimentos em ações tradicionais como a Petrobrás e a Vale valorizavam em meio às oscilações naturais da bolsa de forma tranqüila e continua.
Quase dois anos se passaram e só agora a crise realmente começa a assustar os brasileiros, a geração de expectativas negativas, aliada a posição vendedora dos acionistas da BOVESPA acenderam o sinal vermelho mostrando o outro lado da moeda. Embora o Brasil tenha recebido o “grau de investimento” de agências internacionais que julgaram o país confiável ao investimento estrangeiro, ainda continuamos sendo um país emergente que pensa e age como país emergente.
No primeiro sinal de crise lá se foi o capital estrangeiro, mesmo com os excelentes resultados da economia real. Estabilidade, crescimento econômico, crescimento de renda das classes D, C e B, recordes sucessivos na BOVESPA até maio de 2008, tudo ia bem até então, e muita coisa continua bem até agora, mas o mercado está assustado e sem prognóstico de voltar à normalidade.
Os reflexos da crise financeira foram sentidos inicialmente pela saída de parte do capital estrangeiro da BOVESPA, mas é falta de crédito no mercado internacional que está sendo a condutora da crise ao "mercado real" brasileiro, pois pelo menos metade de nossas exportações é financiada por bancos do exterior - cerca de 100 bilhões de dólares. Os exportadores agora têm que buscar os recursos no mercado interno e a dividir espaço com outras empresas e com os consumidores, quando a procura por crédito aumenta de forma inesperada os juros sobem e os prazos de financiamento tendem a diminuir.
A crise nos Estados Unidos começou no sistema bancário com o problema da inadimplência das hipotecas, mas no Brasil a história é diferente. Os bancos apresentam a cada ano lucros excepcionais, o spreed bancário garante ótimos resultados, muito mais exigência se faz para a liberação de crédito, por aqui o crédito é usado para compra do imóvel e ao contrário do que aconteceu lá, onde a facilidade de crédito fez com que o as pessoas usassem o dinheiro para financiar outros bens.
A equipe econômica do governo e o Banco Central terão participações importantes sobre o impacto da crise, mas certamente que poderá servir de escape para a possível recessão mundial e o que é o grande diferencial do Brasil em relação aos Estados Unidos e os países considerados desenvolvidos é o mercado interno. O Brasil é um país com um imenso e mal explorado mercado consumidor, muitos precisam do básico: comida, falta infra-estrutura, por isso todo investimento será bem vindo e poderá garantir giro na economia. Talvez num futuro próximo precisemos focar atenções no mercado interno até mesmo para absorver parte das exportações, trabalhando com a hipótese de uma recessão mais severa no mercado internacional.
Mesmo com a crise financeira e o sobe e desce das ações o mercado brasileiro continua crescendo. A as vendas da indústria automobilística só em setembro cresceram 31,7% em relação ao mesmo mês do ano passado e 9,8% em relação ao mês de agosto de 2008. No acumulado do ano as vendas subiram 27%, já as exportações de veículos novos e máquinas agrícolas recuaram 7,3% em setembro em relação a agosto, mas no acumulado do ano estão 8,1% maiores em valor, embora tenham apresentada queda no volume. Ao que parece setores importantes sentem os reflexos da crise, mas continuam passando a margem até o momento.
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